“Infelizmente as pessoas só procuram terapia quando estão doentes”, psicólogo chama a atenção da pop
- Flávio Kakarotto
- 3 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
No ano de 2018, na Bahia, problemas psicológicos e transtornos mentais levou mais de cinco mil pessoas a buscarem atendimento no Serviço Único de Saúde (SUS), de acordo com dados do DataSus. A pesquisa mostrou que cerca 15 internações diárias no estado havia necessidade de intervenções de psicólogos e psiquiatras. As principais causas das internações, atingindo pacientes entre 15 e 49 anos, foram a esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes.
Para tentar entender as causas e conhecer os tipos de tratamentos para a solução destes problemas, a equipe do Diário de Redatores conversou com Altino Trajano, psicólogo formado pela Unime/Lauro de Freitas, e com seis anos de atuação na área de saúde.
Diário de Redatores: Quais são os problemas psicológicos mais comuns?
Altino Trajano: É muito difícil colocar um problema como o mais frequente, como cada pessoa é um ser único, vem com questões variadas. O mesmo indivíduo pode vim com várias necessidades ou queixas. O ataque de ansiedade é mais evidente, e vale salientar que essas demandas é só um resultado final, pois está muito relacionado com fatores da nossa infância e da maneira que vivemos nossa vida.
D.R.: Quais são os mais comuns nas crianças e adolescentes?
A.T.: Vejo muitas crianças e adolescentes com casos de tentativa de suicídio e automutilação gerada por uma pressão externa. É importante debater o quão grande deve ser o sofrimento desses jovens para eles tentarem este ato lamentável.
D.R.: Qual a faixa etária dos seus pacientes?
A.T.: Atendo clientes de várias idades, dos oito aos sessenta anos.
D.R.: Existe um tempo médio para cada tratamento e cada pessoa?
A.T.: Não existe um tempo médio, pois cada cliente tem seu tempo e sua especificidade. Costumo dizer que estamos acostumados com coisas boas e ruins e para dar o primeiro passo de mudança depende muito do cliente. Tem clientes que levam quatro consultas para dar o primeiro passo e outros levam vinte.

Altino Trajano tem consultório no Hospital Agenor Paiva, bairro do Bonfim;
na Clínica Modelo, no bairro de São Cristóvão e também atende em domicílio.
D.R.: Qual paciente você atendeu por menor tempo e qual por tempo mais longo?
A.T.: Lembro que o paciente de menor tempo aos meus cuidados foi um mês e o maior durou em torno de três anos.
D.R.: Você já atendeu aqueles pacientes que buscaram "consolo" no álcool, nas drogas ou outro tipo de vício?
A.T.: Sim. Qualquer tipo de vício é uma busca para sanar a dor ou algum problema. Contudo, é claro, ainda bem que não é uma regra.
D.R.: Muitos pacientes seus já tentaram suicídio?
A.T.: Infelizmente muitos pacientes que me procuram já tentaram suicídio e são pessoas de idades e classes distintas.
D.R.: Mesmo sendo psicólogo com experiência na profissão, você procura fazer acompanhamentos psicológicos?
A.T.: Todo psicólogo deve fazer terapia, pois pode acontecer de vir um caso que ele esteja cuidando e isso pode influenciar na terapia. Eu faço. Todos deveriam fazer. Muitas pessoas tem a visão que o psicólogo só trata a doença, mas o papel da terapia é de autoconhecimento, saber qual é a sua identidade. Contudo, infelizmente as pessoas só procuram o psicólogo quando está adoecido.
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