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Conscientização negra e as dificuldades enfrentadas na sociedade atual

  • Fábio Ribeiro
  • 25 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Comemorado em 20 de novembro, o dia da Consciência Negra, é a data que faz referência a morte de Zumbi dos Palmares, ele que foi um dos maiores líderes negros do Brasil e lutou para a libertação do seu povo e contra o sistema escravista.

O objetivo do dia é fazer uma reflexão sobre a cultura do povo africano e o impacto que tiveram na evolução da cultura brasileira. Áreas como a sociologia, política, religião, gastronomia foram profundamente influenciadas pelas culturas negra e africana.


Para falar um pouco do contexto do povo negro na sociedade, o Diário dos Redatores entrevista Edson Antonio de Jesus Silva (55), sociólogo e assessor parlamentar do vereador e professor Silvio Humberto. Edson atua na sua comunidade no bairro da Federação com um agente social. “Não gosto do adjetivo de liderança. A minha linha de trabalho comunitário é pela educação, qualificação e autonomia das pessoas’’, ressalta.


Diário dos Redatores: 20 de novembro é marcado pelo dia da Consciência Negra. Na sua opinião qual a importância dessa data? Edson: A afirmação dessa data no cenário nacional, na minha compreensão, tem diversas funções e sentidos, mas o pedagógico é o mais importante. Reconhecer a força do povo negro que foi trazido e escravizado no Brasil, a importância da ancestralidade e do seu legado imaterial que fez o povo negro manter a sua identidade. Esse processo de afirmação e da desconstrução do mito da democracia racial, fomenta um novo momento e uma nova forma de luta e as mulheres, jovens negros e seus coletivos estão fazendo uma grande diferença na apropriação da consciência negra e da cidadania plena e pela equidade social neste país.


D.R: Você acha que a questão do negro é pouco debatida pela sociedade em geral? Edson: A invisibilidade do negro é o resultado de um processo político ideológico, que foi materializado por muito tempo pelo mito da democracia racial. Não temos a representação negra nos diversos segmentos sociais e atividades produtivas e econômicas na sociedade brasileira como deveria. Agora imagine se a sociedade brasileira abre espaço para discutir as dificuldades e mazelas do povo negro.


D.R: Como enxerga a representação política dos negros no Congresso Nacional? Edson: Na verdade não temos representação negra se pensarmos em um grupo com uma forma política e ideológica definida, como temos os ruralista e evangélicos por exemplo.Temos muitos poucos negros e muitos fazem o papel do “capitão do mato”. Temos que observar outro elemento colocado por Steve Biko: “Ser negro não é uma questão de pigmentação, mas o reflexo de uma atitude mental”. Salvador, por exemplo, considerada “A Roma Negra”, dos 43 vereadores temos 9 ou10 negros de pele (fenótipo).


D.R: O Brasil ainda pode ser considerado um país racista? Edson: Sem sombra de dúvida. O racismo além de estruturar as relações de poder ele tem uma dimensão subjetiva, que exige de nós uma reformulação profunda e contínua. Precisamos descobrir onde mora nosso racismo, evidenciá-lo e destruí-lo. As manifestações racista estão em nós e não percebemos, mesmo o que parece um elogio, nos demonstra a naturalização dele, quando uma pessoa diz “Que negra bonita”.


D.R: Quais seriam os avanços conquistados pela população Negra? Edson: A luta do Movimento Negro tem avançado e com ganhos institucionais: - Criação da Seppir (A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). - O Estatuto da Igualdade Racial, que instituiu 20% de cotas para negros no serviço público federal. - Implantação das cotas raciais nas universidades brasileiras. - Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro- brasileira e africana nas redes públicas e particulares da educação. Mas para mim o maior ganho é o empoderamento do povo negro na luta por seus direitos.


D.R: Na sua opinião quais são as grande dificuldades para o povo negro de maneira geral?

Edson: O maior desafio do povo negro é romper com a situação de pobreza, adquirir consciência política e ter acesso a uma educação pública de qualidade, oportunidades para todos. Precisamos de um país justo e diverso.

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