ONU promove campanha 'Vidas Negras' contra morte dos jovens negros
- Fadwa Valente
- 16 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil lançou no início do mês, a campanha “Vidas Negras” em Brasília. O evento, ligado à Década Internacional de Afrodescendente 2015-2024, busca reforçar as leis contra a discriminação racial e promover maior conhecimento sobre a herança cultural da população afrodescendente. Além de conscientizar a sociedade, o projeto busca sensibilizar o sistema de justiça, os gestores públicos e outros setores na prevenção e combate à discriminação racial e o fim da violência contra jovens negros.
Além da divulgação de vídeos protagonizados pelos atores Taís Araújo, Kenia Maria e o grupo Dream Team do Passinho, ONU lançou emoji especial para campanha Vidas Negras. É um punho negro cerrado, aparece na postagem #ConsciênciaNegra e #VidasNegras no Twitter.
Em todo o mundo, os afrodescendentes estão no topo dos índices que registram a mortalidade e de violência policial. Este grupo também sofre com o acesso limitado à educação, justiça, serviços de saúde e seguridade social.
“Essa Década é uma oportunidade para uma ação comum e concertada. Minha esperança é que, daqui a uma década, a situação dos direitos humanos da população afrodescendente de todo o mundo tenha sido amplamente melhorada”, destaca Ban Ki-moon, ex-Secretário- Geral das Nações Unidas.
Atualmente há cerca 200 milhões de afrodescendentes, seja como descendentes de vítimas da escravidão e do comércio transatlântico de escravos ou como migrantes recentes que vivem nas Américas e sofrem uma série de problemas cotidianos conforme seus países residenciais. Os principais problemas enfrentados são o racismo e discriminação, legados da escravidão e do colonialismo.
Situação no Brasil
Segundo a ONU, no Brasil o racismo é uma das principais heranças históricas que a população negra está submetida. Os jovens negros são os mais vulneráveis da sociedade e correm maiores riscos de serem apreendidos na rua e mortos por agentes de polícia. Sete em cada dez pessoas, a maioria deles jovens negros na faixa etária entre 15 e 29 anos, são assassinadas. A cada duas horas são cinco vidas perdidas por violência.
“O Brasil é um dos 193 países comprometidos com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo jovens negros. Com a campanha Vidas Negras, a ONU convida brasileiras e brasileiros a se engajarem e promoverem ações que garantam o futuro de jovens negros”, comenta o coordenador residente da ONU, Niky Fabiancic.
Neste mês da Consciência Negra, a ação principal da campanha “Vidas Negras” é delinear políticas e programas para estabelecer mecanismos para o combate ao racismo a discriminação racial, xenofobia e intolerâncias.
“Os Estados devem garantir igualdade no acesso à justiça e proteção igual da lei, eliminar a violência policial e a filtragem racial. Noções de superioridade racial ilegais e sem fundamento e incitação ao ódio ou violência racial e étnica deverão ser combatidas, e qualquer forma de estereótipo deve chegar ao fim“, destaca Zeid Ra’ad Al Hussein, alto Comissário para os Direitos Humanos.
Alguns programas da Década Internacional de Afrodescendente 2015-2024 podem ser conferidos clicando aqui.
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