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Bullying: Quando a vítima se torna o criminoso

  • Rafael de Jesus
  • 16 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

Bullying é um termo da língua inglesa. Algumas das traduções para Bully é “valentão”, “oprimir”, “assustar”, “maltratar” e se refere a agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais indivíduos contra um ou mais colegas, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

Diante de tantas ameaças e zombarias as vitimas nem sempre conseguem se defender ou contar com a ajuda de alguém e na busca de solucionar o problema nem sempre escolhem a melhor saída. Suicídio ou homicídio são umas das piores decisões que frequentemente as vitimas escolhem. Atentado contra a própria vida ou contra os que praticavam o bullying tem sido frequentemente noticiado em todo o mundo. Os Estados Unidos é o país onde mais atentados em escolas acontecem por consequência dessa “brincadeira”.


O bullying é uma violência que pode gerar danos irreparáveis na vida de quem sofre perseguições. Exclusão social, depressão, o sentimento de incapacidade, baixa autoestima. Muitos não conseguem viver com essas sequelas e cometem o suicídio como a jovem Bethany Thompson de apenas 11 anos. A menina sobreviveu a um câncer e os colegas apontavam a garota por causa dos cabelos crespos e a deformidade que ficou em seu rosto por consequência da radioterapia. Bethany tirou a própria vida com uma arma que seu pai tinha em casa.


Outros optam pelo homicídio e às vezes com suicídio no final. Mas o que fazer quando a vítima do bullying continua vivo após matar seus agressores e se tornar o criminoso?


O caso mais recente, no Brasil, foi esse ano no Colégio Goyases, em Goiânia, no dia 20 de outubro, onde um garoto de 14 anos disparou contra os colegas deixando dois mortos.


Entrevista

O Diário dos Redatores entrevistou um jovem que durante anos sofreu com o Bullying e nos contou como passou por tudo e o que fez para seguir sua vida. Eduardo é um “personagem fictício” tem 22 anos e sofreu bullying na escola. Ele concluiu o ensino médio, mas ainda se sente excluído e não consegue fazer algumas coisas cotidianas por conta dos abusos sofridos na adolescência.

DR: Por quanto tempo você sofreu bullying e qual o motivo das perseguições? Eduardo: Desde sempre, eu acho, lembro que desde muito pequeno, nas primeiras séries na escola os garotos já tiravam sarro de mim, mas as coisas pioraram quando fui para o ginásio e se estendeu até o final do ensino médio. Eu tinha orelhas de abano, magrelo, cheio de espinhas e gay.

DR: Quais os tipos de agressões eles faziam contra você? Eduardo: Muitos apelidos referentes à gay e às vezes me agrediam fisicamente, mas era mais pressão psicológica. Eu sofria com alguns garotos e garotas da sala, mas tinha dois pegavam diariamente no pé.

DR: Você fazia algo para se defender ou tinha o apoio de alguém? Eduardo: Até quando eu tentava me defender eles usavam aquilo que fiz contra mim. Uma vez briguei com um garoto que estava me perseguindo e depois eles ficavam imitando a briga como se fosse uma “bichinha” brigando. Eu até tinha algumas colegas que tentavam me defender, mas não era o bastante. Com meus pais eu tinha vergonha de falar sobre.

DR: Você já pensou em fazer algo contra seus agressores? Eduardo: Sim. Eu já tinha visto casos na TV sobre vítimas de bullying que mataram seus agressores. Eu tinha vontade de me livrar deles. Eu tinha acesso a uma arma que tinha na minha casa, mas nunca achei balas, acho que foi melhor assim. Mas ainda tenho vontade de dar um tiro nele (risos). Brincadeira! Quando os vejo simplesmente ignoro.


DR: O que você pensa sobre o caso do Colégio Goyases em Goiânia? Eduardo: Sempre penso a mesma coisa quando vejo casos como o que aconteceu em Goiânia “Ainda bem que não fiz essa besteira”. Pra quem se foi não há mais o que fazer, pra quem ficou a vida nunca mais será a mesma. Espero que esse garoto não ache que tudo na vida seja resolvido dessa forma.

DR: O que você acha que pode ser feito para diminuir esse tipo de assédio? Eduardo: Vi uma psicóloga falando na TV que é preciso uma educação para todos na qual se ensine a respeitar o próximo com todas as diferenças e também a se aceitar e aprender a lidar com as críticas. Não sei o nome dela, mas isso ficou na minha cabeça e eu concordo. É preciso aprende a lidar com as críticas também. Mas o respeito acima de tudo, se não quero que façam algo comigo não farei com próximo.

DR: Deixe uma mensagem para aqueles que sofrem com algum tipo de perseguição dos colegas. Eduardo: Com base na minha experiência deixo um incentivo a quem sofre bullying para não dar tanta importância ao que falam. Se falam das tuas formas físicas saiba que isso é uma fase e seu corpo está mudando, você não vai ficar assim para sempre, suas formas vão mudar. Se falam do teu jeito de ser apenas ignore, isso é quem você é e com o passar do tempo, se você se amar e com o amadurecimento, essas particularidades te farão uma pessoa única. Não perca tempo com sofrimentos pequenos. No futuro, assim como eu, você vai perceber que não tinha o porquê de se importar tanto com o que falam e que perdeu um tempo precioso da tua vida se escondendo.

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