Desequilíbrio hormonal e câncer de mama
- Alberto Silva
- 4 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
O Diário dos Redatores entrevista a Drª Mariana Torres, Endocrinologista da Clínica Pulsar, esclareceu dúvidas sobre o câncer de mama. A doença ocorre tanto em mulheres quanto nos homens, já que também eles possuem tecido mamário, e dessa forma, podem desenvolver o câncer de mama.
Há muitos fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer, mas um fator particularmente importante para as mulheres é o desequilíbrio hormonal. O desequilíbrio entre a progesterona e o estrogênio podem causar vários tipos de câncer do sistema reprodutor feminino (mama, útero e ovário). Esses desequilíbrios também podem desempenhar um papel no desenvolvimento do câncer em homens, especialmente o câncer de próstata.
Para a mulher, o desequilíbrio hormonal pode ser um fator muito mais agravante no desenvolvimento de um câncer do que para o homem. Isso por causa do ciclo de vida da mulher que naturalmente mexe muito com o equilíbrio hormonal. Alguns cuidados pós cirúrgicos são importantes, até em coisas corriqueiras para as mulheres, como uma manicure.
Dra. Mariana: Médica Endocrinologista. Formada pela Universidade Federal da Bahia, fez Clínica Médica e Endocrinologia, no Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Trabalha na Clínica Pulsar Cardiologia.
DR: Como a endocrinologia pode intervir, ou seja, trabalhar para a prevenção do câncer de mama?
O excesso de gordura produz hormônios, fatores de crescimento e inflamatórios. O tecido gorduroso pode transformar o hormônio produzido na suprarrenal (androstenediona) em estrona (hormônio feminino), e quanto maior o nível de estrona, maior o risco de câncer de mama. Ainda mais quando associado às características inflamatórias e de crescimento, as quais aceleram a divisão e a reprodução celular, aumentando a chance de uma replicação inadequada gerando célula cancerígena na mama.
DR: Como pode ser evitado essa somatização: obesidade + câncer de mama?
Estima-se que o estilo de vida sedentário esteja relacionado com 5% das causas de morte por câncer. Se uma mulher desenvolve câncer de mama, o fato de realizar atividade física, reduz a chance de mortalidade. O exercício, através de seu estimulo à resposta imunológica inespecífica, pode estimular maior vigilância do sistema de defesa do organismo para evitar tumores metastático. Além disso, a atividade física é protetora, pois diminui a quantidade de estrogênio circulante, agregando valor à saúde e ao peso. Praticar exercícios por 30 a 40 minutos contínuos por dia já é protetor.
A perda de peso também é um importante fator para prevenção. Mulheres que perderam mais de 10 kg após a menopausa e se mantiveram com IMC (índice de massa corporal) normal, tiveram uma redução de 50% no risco de câncer de mama.
DR: Qual a idade mínima que você já atendeu mulher com câncer de mama?
19 anos
DR: Porque a mídia fala de fazer o exame mama após 40 anos, sendo que muitas mulheres têm câncer antes desta idade?
Abaixo dos 40 anos a incidência de câncer de mama é baixo. A cada 100 casos diagnosticados menos de 10 são em mulheres abaixo de 40 anos. Os casos em mulheres jovens causam impacto social e repercussão maior. Em pacientes jovens a mamografia tem uma sensibilidade menor. O ultrassom e o exame físico realizado pelo médico tem uma eficácia melhor nessas mulheres.
DR: O que é câncer mama estágio 0 à IV?
Quando diagnosticamos o câncer de mama devemos estimar qual o estágio em que foi diagnosticado para que possamos estipular o tratamento e consequentemente o prognóstico da paciente.
DR: É correto fazer a reconstrução da mama logo após a cirurgia?
Pode ser realizado no ato da cirurgia ou tardiamente devendo estipular cada caso separadamente.
DR: Porque quem faz a cirurgia de retirada da mama não pode retirar a cutícula da mão do lado em que fez a cirurgia?
Na verdade as mulheres que realizam linfadenectomia (retirada dos linfonodos da axila) devem evitar a retirada das cutículas pois aumentam as chances de infecção do braço.
Nunca é tarde para mudar seu estilo de vida e equilibrar sua saúde, o endocrinologista pode ajudá-lo.
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