Qual seu White People Problem de hoje?
- Lindaura Berlink
- 13 de out. de 2017
- 2 min de leitura
Você já percebeu como pequenos percalços estragam nosso dia? Se pegamos uma fila, reclamamos. Se não podemos sair em uma sexta à noite – por ter compromisso acadêmico ou profissional – só faltamos morrer.

Sem falar das queixas sobre fones de ouvidos quebrados, indecisão na hora de comprar uma roupa ou até mesmo acordar cedo. Esses são pequenos dramas, conhecidos como “White People Problems”, isso mesmo, problemas de gente branca.
Os Brancos que sempre tiveram - e ainda tem - privilégios, simplesmente por serem brancos. Que nunca foram abordadas em revistas policiais e sempre tiveram representatividade nos brinquedos quando criança, afinal todos tinham o tom da sua pele.

Uma sociedade em que filas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), escolas sem aula e partos em corredor, ganham uma conjuntura de normalidade na sociedade, quando não deveriam nem acontecer.
Problemas os quais deveríamos dar tanta ou maior notoriedade quanto aborrecimentos por não conseguir fechar a mala para viajar a Milão. O termo contemporâneo “White People Problems” chega para provocar a discussão de um cenário antigo.
E, se você meu caro leitor ainda duvida disso, apresento-lhe dados do Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem 23,5% de chances maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.
Deveríamos refletir esses resquícios escravocratas que ainda necessitam de espaços para serem discutidos em pleno 2017. Afinal, tivemos uma abolição jurídica, mas não social.
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